Olá pessoas, ontem meu ex me ligou dizendo que tinha perdido o ônibus da faculdade e se podia dormir em minha casa, sem saber dizer não, acabei consentindo que ele viesse. Achei estranho ele ter chegado tão rápido considerando a distância e a demora dos ônibus do Iguatemi até aqui, mas enfim, ele chegou e a gente aproveitou para colocar a conversa - e outras coisas - em dia.
Com o desenrolar da nossa conversa, ele sempre falava sobre seus gastos exuberantes, inclusive, me mostrou uma bolsa de mão de uma marca internacional famosa, entre outras coisas. Confesso que fiquei bastante horrorizado com o que ele dizia e então entendi porque o cara com quem ele estava fazendo planos o deixou de uma maneira até grosseira, o ego dele vai muito além do que ele mesmo consegue enxergar.
Ele falou que no retiro estudantil que ele foi, essa foi a primeira vez em que ele havia ficado em acampamento porque sempre ficava no hotel, e também que foi a primeira vez que ele saiu de ônibus com o pessoal porque ele só anda de táxi. Quando a gente estava indo embora, no ônibus ele me falou que para cada semestre ele compra uma mochila diferente - e sempre cara -, que nunca repete a mesma.
Nossa, ele falava uma série de coisas de ostentação que me fizeram perceber que a gente nunca vai dar certo. Não sei se pelo fato de eu não ter - ainda - condições financeiras para comprar e esbanjar como ele, que eu não consigo conceber um gasto desse com tantas coisas, apesar de ser que ele me disse que gasta mesmo porque não tem um pinto para dar comida, o que de fato ele tem razão. Depois de tanto refletir, percebi que a questão que me incomoda não está no fato de ele gastar, o problema está na ostentação que ele faz, o modo como ele se exibe fazendo questão de dizer que é o poderoso, que pode, que manda e desmanda, que tem.
Acredito que as futilidades da vida humana consistem justamente no fato de as pessoas valorizarem mais o TER do que o SER, eu nunca suportei isso, sempre que conquistei as coisas - grandes ou pequenas, isso não importa - eu sempre fiz questão de não sair exibindo aos outros porque acho que quando exibimos aquilo que temos, primeiro, nós de maneira indireta rebaixamos as pessoas fazendo-as inferiores, e segundo, a gente acaba despertando a inveja dos outros. Minha preocupação maior é com o primeiro caso! Eu fiz questão de dizer a ele que para mim, ele não me representa porque um homem que não pode pegar a própria comida ou lavar, limpar, guardar as coisas em casa, para mim esse cara não é homem porque não sabe o valor da independência, muito pelo contrário, sempre dependerá dos outros e para isso, os tratará como a empregados, coisa que ele sabe fazer muito bem.
Ele sempre despreza as coisas simples, ao contrário de mim que valorizo a simplicidade, ele sempre quer as coisas caras - ainda que não use - ao contrário de mim que sempre quero aquilo que me agrade seja do jeito que for. Uma pessoa altiva nunca me cativará, independente do que faça. Ele diz que ama, mas vejo que somos opostos.
Sabe, não condeno as pessoas que têm dinheiro, até mesmo porque eu também espero um dia ter graça a arrotar, mas não suporto que as pessoas vivam para mostrar a aparência, só façam para que os outros vejam o que eles têm . Peço a Deus que se me conceder de ter muita grana, que eu possa utilizá-la com humildade, porque a pior coisa e o cúmulo do absurdo é quando a pessoa além de esbanjar e ostentar, ainda falam "foi baratinho" sendo que custou uma fortuna comparado ao que eu ganho. Isso é uma humilhação! Mas é assim mesmo, essa "conversa" só me fez ter certeza do que eu já sabia.
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