quarta-feira, 25 de maio de 2011

CAPÍTULO I - PARTE III

Durante muito tempo ele contava várias histórias de suas aventuras pelos lugares por onde passou, ele era muito divertido, cada vez eu me sentia perto dele – seu cheiro era sedutor, parecia que estava me embriagando -, ele me falou também de seus casos, das mulheres que teve durante as viagens – isso me deixou triste, ele é hétero, e vi que minha chance de tê-lo comigo se esvaia – e era impressionante o quanto uma pessoa conseguia se divertir e aproveitar a vida sozinho.
    • Felipe, você pretende ficar quanto tempo em Lagos? Perguntei.
    • Acho que ficarei lá por uns quinze dias, tempo suficiente para visitar minha irmã, meu sobrinho que nasceu e as terras da família. Essa vai ser a última cidade por onde passo, depois volto para a capital.
    • Mas, você não pegou o ônibus na capital – disse curioso por tentar descobrir onde especificamente ele mora.
    • É, eu estava em viagem, por isso que não peguei o ônibus na capital. Eu não conseguiria viver em uma cidade que não fosse movimentada... agora moro perto do centro, mas já morei muito tempo na periferia. E quanto a você, Rafael, onde você mora?
    • Eu moro há uma hora do centro, desde pequeno que vivo naquele local, nunca saí do meu bairro, e apesar de conhecer todos, só falo com alguns.

Já eram duas e meia da madrugada, a noite estava muito fria, o ônibus fez mais uma parada, e antes de descer, coloquei um casaco que tinha comigo, Felipe também colocou um casaco que estava em uma mala de mão, guardada no bagageiro. Descemos para tomar um café, durante um tempo, ficamos em silêncio, ele olhava para o café e eu o olhava atentamente, cada traço do seu rosto, tudo nele me interessava e me atraía muito. Nunca tinha sentido algo tão forte por alguém antes, não queria que aquela viagem terminasse tão cedo, mas a cada hora que passava, eu tinha que aproveitar para estar com ele.
Em um determinado momento acho que ele percebeu que eu o olhava bastante, ele me olhou também. Foram quase um longo minuto, esperava que ele fosse falar algo, mas nenhuma palavra saiu de seus lábios, até que o silêncio foi quebrado:

    • Então, Rafael, o que você faz da vida?
    • Eu atualmente estou trabalhando no escritório de uma empresa, como assistente administrativo, mas estou de férias. E quanto a você?
    • Bem, eu trabalho em uma empresa de produtos gráficos, desde a criação até produção. É um trabalho bem legal, podemos criar e orientar as pessoas quanto ao que elas querem e, cada dia é diferente.
    • Que legal, o meu trabalho não é tão diferente quanto o seu, mas tem seus lados bons. Olha, o ônibus já vai sair, temos que ir.

Felipe não quis que eu pagasse pelo café, então, ele mesmo pagou. Voltamos para os nossos assentos no ônibus e ficamos conversando um pouco, como eu já estava muito exausto, não vi em qual momento, mas acabei adormecendo. Eu não tinha o costume de ficar acordado até tão tarde, já que sempre saía cedo para trabalhar, logo, sempre dormia até no máximo meia noite. Não era tão bom ficar doze horas sentado, quanto mais dormir, mesmo assim, fiquei dormindo por um bom tempo.
Depois de sei lá quanto tempo dormindo, despertei lentamente, meu pescoço estava dormente, e quando abri os olhos, percebi que tinha dormido com a cabeça sobre o ombro de Felipe. Ele nem sequer se mexeu, mas ao me dar conta do ocorrido, eu retirei a cabeça do ombro dele lentamente para não acordá-lo, olhei para ele e estava imóvel, parecia uma pedra, olhei para o relógio e já eram quase três e meia da manhã, a viagem estava na metade.

    • Dormiu bem? Perguntou Felipe interrompendo o silêncio e ainda imóvel.
    • Sim, obrigado. Acho que fiz seu ombro de travesseiro, desculpe. - disse eu querendo evitar qualquer tipo de mau entendido.
    • Tranquilo! Não se preocupe, se estivesse me incomodando, aí eu teria colocado sua cabeça para o outro lado. Respondeu com um suave sorriso na voz.
    • Já está quase perto de Lagos, esta viagem finalmente terminará.
    • Mas até que não pareceu longa, com sua companhia, fomos conversando e nem percebemos a distância.
    • Realmente, quando estamos em boa companhia, o tempo passa rapidamente. - falei isso olhando para ele, para que ele pudesse perceber o quanto eu havia gostado de sua presença durante a viagem.

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