segunda-feira, 20 de junho de 2011

CAPÍTULO II - PARTE I

Eram quatro e meia da manhã, meus olhos abriram-se lentamente e eu quase não quis acordar, estava meio desconfortável passar tantas horas em uma cadeira de ônibus de viagem, isso é bastante cansativo. Eu olhei para a minha esquerda, e via a bela paisagem que ia aparecendo enquanto o sol nascia, fiquei por uns minutos olhando aquilo e pensando em tantas coisas que aconteceram na minha vida e nas pessoas – quase nenhumas – que ficaram na capital à minha espera. Olhando à minha direita, eu vi o Felipe dormindo profundamente, acho que agora ele também estava cansado, respirava fundo, seus olhos estavam bem fechados e não se movia com nada, nem mesmo com o balanço do ônibus.

Finalmente a viagem estava terminando, embora eu não quisesse, não tinha escolha, o que me confortava era saber que ele estava indo para a mesma cidade que eu, e como em toda cidadezinha não há muitos lugares, seria fácil encontrá-lo. Enquanto eu o olhava, ele acordou, parecia meio assustado, como quem não sabe onde está.

    • Calma, já estamos quase chegando. Disse eu tranquilizando-o.
    • Pensei que tinha passado da nossa estação – respondeu.
    • Você acha que eu teria coragem de abandonar um parceiro sabendo que ele desceria na mesma cidade que eu?
    • É verdade, mas se isso acontecesse, eu iria para Lagos somente para te matar... Disse Felipe enquanto sorria.

Descemos na última parada para tomar um café e curtir parte da cidade. Ele não estava muito comunicativo, o que me deixava preocupado. “Será que ele está assim porque dormi com a cabeça em seu ombro, ou será que ele percebeu algo em alguma palavra que falei ?”. Olhei para ele tentando decifrar o que se passava por sua mente, mas era inútil, ele era impenetrável, não dava para descobrir nada além do que ele dizia, parecia que por trás daquela imagem que ele passava havia algo mais, tinha que haver alguma coisa que ele não queria me contar. Não dá para uma pessoa mudar de comportamento sem que algo tenha acontecido.
    • Você está muito calado desde que descemos. Aconteceu alguma coisa? Perguntei.
    • Não, não aconteceu nada. Estou pensando em quando chegar em Lagos, a cidade é muito pequena, e, apesar do desenvolvimento que teve nos últimos anos, não deixou de ser cidade pequena, e não há nada de interessante. Não sei bem o que fazer por lá nos próximos quinze dias, ou melhor, nem sei se ficarei quinze dias.
    • Não se preocupe, nós encontraremos algo para fazer por lá... quer dizer... se você quiser me encontrar lá, claro.

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