sexta-feira, 24 de junho de 2011

CAPÍTULO II - PARTE II

Felipe não disse nada, apenas olhou para mim e sorriu. Sei que na realidade ele pensava em alguma coisa que não queria me contar. Não sei se nos veremos novamente, talvez ele estava se comportando assim como um sinal para dizer que nunca mais estaremos juntos, talvez, eu tenha colocado tantas expectativas em uma pessoa que não conheço que para mim não será fácil não vê-lo mais, talvez, ele tenha percebido que eu me interessei por ele e prefira ficar distante.
O ônibus estava quase saindo, retornamos para nossos assentos e continuamos calados, eu sentia um clima estranho, e fiquei com vergonha de puxar assunto. Felipe nada falava e para demonstrar que não queria conversar, ele tirou da mochila um fone de ouvido, ligou o rádio do celular, e começou a ouvir música. O volume estava alto, eu conseguia ouvir. Às vezes olhava para ele e ele não parecia se importar com nada, com ninguém... comigo! O percurso que antes eu não queria que acabasse, agora eu queria que passasse logo.
Olhando para a paisagem externa, vi o ônibus chegar à Estação Rodoviária de Lagos. Felipe havia adormecido com o fone no ouvido.
    • Felipe, chegamos. Precisamos descer.

Foi a única coisa que consegui dizer, ele levantou-se, pegou a mochila e desceu. Eu o seguia logo atrás. Ao descer, ele se despediu de mim, apertou minha mão, olhou bem no fundo dos meus olhos – o que me deixou se jeito – e agradeceu pela companhia, logo foi ao encontro de um casal com um bebê no colo, acho que era a irmã que ele ia visitar, ele os abraçou, pegou as malas, olhou para mim novamente – como quem diz adeus – e foram para o estacionamento. Não era a despedida que eu havia planejado, mas foi a que aconteceu, isso me deixou meio triste, mas não tão quanto ansioso para ver meus avós. Eles demoraram para chegar, mas chegaram acompanhados de um primo meu, o Otávio. Nos abraçamos por alguns segundos e pensei que não valeria a pena ficar ali pensando em uma pessoa que passou pela minha vida por algumas horas e depois se foi.
    • Vocês demoraram, pensei que tinham esquecido de mim.
    • Jamais esqueceríamos de você meu neto – disse meu avó Estevão – seu primo Otávio estava na roça, veio de lá e ainda foi nos buscar.
    • E a gente demorou um pouquinho porque eu estava terminando de arrumar a mesa do café para assim que você chegar, estar tudo pronto! Replicou minha avó Julieta.

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