terça-feira, 11 de setembro de 2012

11º Parada Gay de Salvador - Notícias


Foto: Romildo de Jesus - Parada Gay em Salvador
'A Bahia é gay”. Foi com esse grito irreverente e alegre que o presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, deu início, nese domingo (9/9) à tarde a 11ª Edição da Parada Gay, que reuniu pelo menos 100 mil pessoas no Campo Grande.
O cortejo composto por 12 trios que percorreu o Campo Grande passando pelas Mercês, Castro Alves, Carlos Gomes e Aflitos, animou os gays, lésbicas, travestis, transexuais e simpatizantes que deixaram as ruas do Centro de Salvador mais coloridas com suas bandeiras e roupas chamativas. O primeiro trio a sair foi o Trio Oficial que contou com a participação da madrinha do evento, a senadora Marta Suplicy. Além dela, famosos e políticos estiveram juntos para apoiar a causa gay na Bahia.
“Além de toda a animação, é importante a gente divulgar o trabalho feito por nós para combater a homofobia e todo o preconceito que ainda existe na nossa sociedade. Fico feliz em ver que a cada ano o público tem aumentado”, disse o presidente da GGB.
Ainda de acordo com Cerqueira, a parada gay tem o objetivo também de pedir a paz. “O número de assassinatos à homossexuais tem crescido bastante no Brasil. Tivemos um caso recente de jovens que foram assassinadas em Camaçari. Não podemos deixar essas coisas acontecerem, temos que ser livres e o respeito tem que existir.”, contou.
Já a senadora Marta Suplicy afirmou que a capital baiana tem um colorido especial e possui uma manifestação diferenciada de outras capitais. “Aqui em Salvador é diferente. A cidade transpira alegria e isso combina com o público gay. Mas não devemos ver só o lado da festa e sim dos protestos contra a homofobia que são muito importantes. As políticas em prol do homossexual é uma difícil batalha, mas não podemos desistir. Por este motivo, solicitei a reabertura do projeto de lei 122/2006, que criminaliza a homofobia no país.”, revelou.
Apesar das faixas de protestos, muitas pessoas se divertiram ao som de música eletrônica, pagode e axé. “É uma mistura muito gostosa. Sou heterossexual, mas sempre faço questão de comparecer a parada gay. É uma manifestação muito bonita e cada um deve ser livre para se expressar do jeito que quiser.”, disse sem preconceitos o vendedor Carlos Araújo, que estava tomando uma cerveja com seu irmão Marcos.
Lésbica assumida, a contadora Débora Lima disse que este ano não precisou ir escondida dos pais para a parada gay. “Ano passado eu compareci no evento, só que meus pais não sabiam que eu sou lésbica. Agora eles sabem. No começo foi difícil aceitarem, mas agora está tudo bem. A parada gay de Salvador está cada ano mais bonita e cheia”, relatou.
Para o fisioterapeuta Rafael Moraes, apesar da beleza, a festa tem se tornado perigosa. “Já presenciei várias pessoas sendo assaltadas. Tem muito ladrões nessa multidão toda, e às vezes a polícia não está no local para ajudar.”, reclamou.
De acordo com o comandante do 18º Batalhão da PM, Tenente Coronel Anselmo Brandão, o esquema de segurança da parada gay foi similar ao realizado durante o Carnaval. O efetivo envolvido na operação foi de mil policiais militares, e as ações foram principalmente de prevenção aos pequenos delitos, a exemplo de furtos.
“Certamente oferecemos um bom serviço, com respeito à diversidade, às diferenças de gênero, de raça. O trabalho de sensibilização e profissionalização da PM realizado pela secretaria de Turismo é uma boa iniciativa e deve ser um trabalho contínuo para um bom atendimento”, comentou o comandante.

Semana da Diversidade beneficia o turismo
Além da sensibilização da sociedade para o combate à homofobia e o alerta para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, a I Semana da Diversidade e a 11ª Edição da Parada Gay Parada, que ocorreram de 1º a 9 deste mês, contribuíram para o turismo em Salvador.
De acordo com o diretor de Serviços Turísticos da Bahiatursa, Weslen Moreira, pelo menos três hotéis no bairro do Rio Vermelho e um no centro da cidade estiveram lotados com o público que veio especialmente para a os eventos voltados à comunidade LGBT. “São visitantes que têm uma boa média de consumo e de permanência, por isso são muito importantes para a economia da cidade.
Um desses turistas é o empresário paulista, Robson Junior, que veio à capital baiana para participar dos eventos. “Além de vir à Salvador, participamos de diversas atividades cuja programação integra a Semana da Diversidade”, disse.
Valdeck Junior, um dos sócios da Boate San Sebastian, destaca o crescimento do setor nos últimos três anos e afirma que este é um segmento turístico em expansão na cidade. “Por conta disso, estamos aumentando o nosso investimento e vendo que a cada ano recebemos mais clientes de fora”, contou.
Já a superintendente de Serviços Turísticos da Setur, área responsável pela realização de capacitações voltadas ao turismo, Cássia Magalhães, destacou a importância da parceria com a Polícia Militar e com o trade para a divulgação da Semana da Diversidade e acolhimento dos turistas. “A parceria é fundamental, pois receber bem e por mais tempo esse público, ajuda a movimentar a nossa economia. Além dos oficiais e soldados da PM nós incluímos guias de turismo, recepcionistas e gerentes de hotéis, qualificando-os para atender às necessidades dos visitantes que vêm especialmente para a Semana da Diversidade, que tem diversas palestras e outros tipos de eventos”.
Pais comemoram com filho adotado
Em cima do Trio Oficial estava o presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais),Toni Reis, ao lado de seu marido, o britânico David Harrad e do filho adotado Alyson Miguel. Eles ficaram conhecidos no Brasil por assinarem o primeiro contrato de união estável entre homossexuais no Brasil após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Mais de vinte anos depois do começo do namoro, o casal conseguiu no ano passado oficializar a união, em Curitiba.
“É uma luta que serve de exemplo para vários outros casais gays. Estamos presente aqui na Bahia pela terceira vez para mostrar como é possível a união estável entre homossexuais.”, ressaltou Reis. Além disso, o casal conseguiu a autorização, junto ao STF, para adotar Alysson Miguel Harrad Reis, de 10 anos. 
“A espera de sete anos para que a adoção fosse feita dentro da lei foi a gestação mais longa da história. Alysson já está com a gente durante um ano e gostou de nós. É um amor que não tem explicação. Pela primeira vez trouxemos ele para Bahia, e ele disse que quer virar baiano”, brincou o presidente da ABGLT.

Alysson disse à reportagem da Tribuna que gostou muito das praias de Salvador. “As praias são muito bonitas, quero ficar aqui mais tempo. Eu amo meus pais e estou adorando morar com eles.”.

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