segunda-feira, 3 de setembro de 2012

CAPÍTULO XI - PARTE XIII


  • O que você espera dessa noite Felipe?
  • Bem, espero me divertir muito, conhecer algumas gatas, e quem sabe ficar com alguma. E quanto a você?
  • É... eu espero me divertir também.
  • Não pretende ficar com nenhuma garota?
  • Eu? É... não sei, sou muito tímido, sabe?
  • Pois é, eu também sou...
  • Sei muito bem, já até imagino.

Felipe me deu uma olhada cínica enquanto dávamos risada, depois voltou a separar a sua roupa. Assim que Otávio saiu do banheiro, sugeri que ele fosse logo, eu iria por último para não deixar os dois a sós, já que eles não se dão muito bem.
Em minha cabeça passava uma série de coisas, por mais que eu quisesse organizá-las não seria possível. Tudo era imprevisível demais, não fazia ideia do que poderia acontecer, qual seria a minha tática para seduzir Felipe – se é que eu conseguiria fazer isso – e como me comportar na hora.
Eu estava com um turbilhão de ideias, mas nenhuma parecia ser criativa o suficiente para funcionar, só me restava então, me lançar à sorte e ver o que viria a acontecer. Eu pensava enquanto tomava banho e me arrumava distraído, até que ouvi alguém bater à porta: era Felipe, queria que eu não demorasse mais porque já estavam nos chamando para o jantar. Nem percebi o tempo passando, estava tão voltado para meus pensamentos.
Apressei-me em me arrumar e logo desci para me juntar aos outros que já estavam à mesa, Otávio também não tinha descido e descemos juntos. Tio Pedro e tia Glória estavam conversando com Felipe tão à vontade que parecia que se conheciam há muito tempo, quer dizer, na verdade Felipe tem essa facilidade em se enturmar com pessoas desconhecidas.
Percebi que meu primo não estava tão à vontade quanto seus pais, ele mal fazia algum comentário e quando tio Pedro ou tia Glória lhe inseriam na conversa, ele apenas limitava-se a emitir alguns sons – posso até dizer grunhidos – que não eram tão compreensíveis.

  • Vocês está com algum problema Otávio? Perguntou tia Glória estranhando o seu comportamento.
  • Não, mãe. Estou bem obrigado. Respondeu ele em poucas palavras.
  • Não parece – insistiu ela –, você está tão calado, ainda mais com a presença de seu primo e do seu amigo aqui em plena noite de sábado!
  • Não, só estou me poupando para a festa.
  • Poupando... era só o que faltava. Falou tio Pedro.
  • Na verdade, eu acho que ele está se sentindo desconfortável por causa da minha presença. Disse Felipe.
  • Não vejo motivos para estranhamentos. Um rapaz tão gentil como você! Comentou tia Glória não entendendo que entre os dois há certa desavença.
  • Olha, mãe. Não há nada de errado comigo, será que não posso ficar calado por uns instantes?! Resmungou Otávio meio embravecido com a conversa.
  • Tudo bem, filho. Se você diz que está tudo bem, etão tá! Falou tia Glória tendo que se conformar com a resposta de Otávio e para evitar transtornos.

A partir daí, todos ficaram em silêncio e ninguém mais conversou durante o jantar, Ana limita-se apenas a servir-nos sem também emitir um som que fosse, meus tios nada mais falaram, e para tio Pedro então, parecia que nada havia acontecido. Felipe me olhava por baixo dos olhos e nada dizia também.
No silêncio inerte que estava aquela cozinha, ouvimos o som de uma buzina irromper bruscamente a inquietude que havia se instalado ali. Prontamente meu primo se levantou para ver quem era: eram seus amigos que tinham ido buscá-lo para a roda de fogueira; ele veio até a cozinha nos avisar. Eu ia voltar para o centro da cidade com Felipe após a festa sob pretexto de ter deixado meus avós sozinhos lá:

  • Já estamos indo. De lá da festa vou direto para o centro.
  • Por que tão cedo assim meu sobrinho? Perguntou tia Glória.
  • Vou aproveitar que Felipe está de moto e também meus avós estão sozinhos. Talvez no próximo final de semana eu volte.

Subi para pegar a minha mochila e Felipe também foi pegar a dele, quando descemos meus tios estavam na sala nos esperando e nos levaram até a porta. Vi que na frente da casa estava uma caminhonete com muitas pessoas – todos conhecidos de Otávio – e meu primo já estava no lado do carona nos esperando.
Dei um abraço apertado em minha tia, e me despedi do meu tio com um aperto de mão que demorou alguns segundos, ele olhou bem no fundo dos meus olhos e eu gelei! Parecia até que ele estava querendo agradecer e ao mesmo tempo se desculpar pela noite que tivemos. Também cumprimentaram Felipe e ainda o convidaram para voltar em outra ocasião com mais tempo.
Como a gente não conhecia o local, fomos seguindo atrás da caminhonete. Felipe dirigia lentamente e eu na parte de trás do veículo me deliciava sentindo o cheiro do seu perfume, fechei meus olhos por um instante enquanto sentia aquele cheiro tão marcante e viajei literalmente. Quando dei por mim, a moto estava estacionando – a distância não era muito longa.
Descemos e deixamos as mochilas na moto, já dava para ouvir vozes animadas e quando cruzamos a porteira, podia-se ver também a fogueira que já estava acesa. Geralmente, essas casas do interior ficam em terras grandes e as casas no meio do terreno. Quando entramos, ao centro estava uma fogueira que ainda estava começando a queimar, à esquerda uma barraca com bebidas – tudo era pago, lógico – e à direita uma barraca de alimentos. Ah, próximo à porta de entrada da casa, estava montando o equipamento de som.
Meu primo foi chegando e cumprimentando seus amigos que logo saíram me deixando ali com o Felipe, a todo momento não parava de chegar pessoas. Tinha gente que até do centro da cidade iam para essa festa e cada vez o local ficava mais cheio.
Sentei em um dos poucos bancos que tinha, enquanto Felipe foi pegar uma bebida para nós dois, fiquei olhando as pessoas, muitos homens lindos, cada um mais belo e forte que o outro! Muita gente também dançava, bebia e conversava, Otávio estava perto da porteira conversando com seus amigos do centro que tinham acabado de chegar. 

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