segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CAPÍTULO VII - PARTE I

Descemos do carro e finalmente eu estava na roça! Já conseguia sentir o ar campestre puríssimo, o cheiro de terra fresca, o vento que passava como uma brisa. Tudo era diferente da capital, do próprio centro da cidade de Lagos, na roça, as coisas eram mais difíceis, porém, o pessoal é muito mais receptivo. Minha tia Gloria já estava na janela nos esperando e veio correndo nos receber.
    • Pensei que vocês não viriam mais. Disse ao nos abraçar.
    • Olha que Otávio nem queria vir agora, tia. Respondi.
    • Nem retirei a mesa do café esperando por vocês, achei que viriam mais cedo.
    • Não tem problema, mãe, já tomamos café, mas podemos tomar novamente! Falou Otário rindo.
Pegamos nossa mala e pagamos o moço do carro que nem lembrávamos mais e entramos. O interior da casa revelava o quanto a família era rica, apesar de minha família hoje não ter esse dinheiro todo, minha tia vivia muito bem na roça, com o que produziam, vendiam no centro uma pequena parte e o restante era vendido para a capital e até mesmo para outros estados. A sala da casa era em formato oval, à esquerda, havia a entrada do escritório, um banheiro de visita e da sala de jantar e a escada que dava para os quartos, à direita tinha um corredor que dava para a cozinha, a despensa, um outro banheiro, quarto de empregados – que não mais haviam, somente uma moça que limpava a casa duas ou três vezes por semana – e na cozinha tinha uma saída para os fundos.
Fiquei parado por um tempo observando a estrutura interna do casarão e admirado como ainda podem existir casas que sobreviveram por anos e parecem intactas. Colocamos as malas no canto da sala, perto da porta de entrada e fomos direto para a sala de jantar tomar café. Já não era tão cedo, mas como tia Gloria estava esperando a gente, não íamos fazer tal desfeita.
    • Então, Rafael está gostando da cidade? Perguntou tia Gloria.
    • Estou sim, tia. Ainda há muitas coisas para eu conhecer, ou melhor, lembrar já que faz anos que não venho aqui.
    • Desculpe, mas muitas coisas é o que você não vai ver por aqui mesmo. Disse Otávio.
    • E a senhora, como é passar tantos anos aqui e não sair para conhecer outras cidades, ou até outros estados? Perguntei.
    • Eu já me acostumei. Aliás, todos nós nos acostumamos a essa vida sossegada da cidade pequena, alguns jovens que se arriscam a sair, como fez sua mãe, sem falar que aqui hoje em dia tem quase tudo, só não tem shopping e praia, mas o resto já se pode ver, inclusive a violência...
    • Nossa tia – interrompi – infelizmente onde é a parte ruim de todo lugar onde o desenvolvimento chega.
    • Pois é – disse Otávio – mas enquanto vocês ficam aí falando, eu vou tratar de encher minha barriga.
    • Tia, cadê o tio Pedro que ainda não apareceu?
    • Ele está na roça, saí todo dia bem cedinho e só volta na hora do almoço.

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