Deixei Ana na cozinha terminando seu serviço e voltei à
sala, sentei no mesmo canto onde estava lendo meu livro e fiquei
observando a paisagem da janela. A visão é muito bonita, as pessoas
daqui são privilegiadas. Ali, olhando para aquela paisagem, acabei
me esticando no sofá e nem percebi quando caí no sono.
Não dormi por muito tempo, acho que fiquei quase uma
hora dormindo, um sono leve, apenas para relaxar. Ao abrir meus
olhos, não havia ninguém na sala, então, fui para o quarto de
Otávio pegar uma roupa e tomar logo banho, já que aqui faz frio
muito cedo. Quando cheguei no quarto, meu primo estava dormindo de
bruços – acho que ele gosta de dormir assim – sem camisa, em um
sono tão profundo, que dava até pena de acordá-lo. Eu estava
parado na porta do quarto, e lá mesmo fiquei olhando meu primo lindo
dormindo, ele nem se movia, eu gostava de vê-lo dormindo porque
aquele homem forte e bonito parecia tão indefeso. Era tanto o meu
desejo que me aproximei dele lentamente sem fazer barulho para não
acordá-lo, me aproximei... fiquei de pé olhando-o, depois me
abaixei... fiquei de olhando para o rosto dele... cheguei mais
perto... senti seu cheiro... ele se mexeu... me assustei e me afastei
dele e fui pegar minha roupa. Com o barulho das coisas mexendo na
mochila, ele acabou acordando
- Ah, é você quem está aí? Disse com a voz sonolenta.
- Sim, primo, sou eu. Vim pegar minha roupa pra tomar banho, se na cidade faz frio ao entardecer, imagino que aqui não seja diferente.
- É, você tem razão, primo. Então depois que você sair eu vou. Escuta primo, você estava falando sério quando disse que quer ajudar na roça?
- Claro, Otávio, eu nunca fiz isso antes e para mim seria bom experimentar algo diferente do que eu já estou acostumado a fazer.
- Só mesmo alguém da capital para ver diversão em trabalhar na roça e no curral...
- Deixe de conversa, vou tomar logo banho...
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