quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

CAPÍTULO XI - PARTE IX


Eu não sabia o que fazer com aqueles dois, mas ao menos eles não estavam se enfrentando em um confronto de palavras. Ficamos ali naquele sofá assistindo, eu não tinha o menor interesse por ver aquilo, mas como ambos – enfim em alguma coisa – gostavam do programa, era melhor ficar ali com eles mesmo.
Quando o programa já estava quase no final, Ana chegou da entrada da sala e nos chamou para o almoço, que já estava sendo posto. Meu primo não deu muita atenção, Felipe também não manifestou nenhuma reação porque não estava em seu “ambiente natural”, mas olhou para mim com uma expressão bem interrogativa.
    • Bem, pessoal, é melhor a gente ir almoçar antes que a comida esfrie não acham? Perguntei quebrando o silêncio mórbido daquela sala.
    • É, podem ir se quiserem, eu o programa já está quase no fim. Respondeu Otávio.
    • Então vamos. Disse Felipe.
Eu e Felipe fomos para a cozinha, ele na verdade queria terminar de ver o programa também, mas não queria ficar na sala com Otávio sozinho, claro que, se ele preferisse por terminar de assistir, eu também teria que continuar ali com ele.
    • Cadê Otávio? Ele não vai almoçar não é? Perguntou Ana estranhando a ausência do meu primo.
    • Ele já vem, ele vai terminar de assistir TV.
    • Ah, sim. Mas se os pais dele estivessem aqui, queria ver ele fazer isso.
    • Hoje ele teve sorte. Comentei rindo.
Ana começou a nos servir, Felipe demonstrou preocupação com o fato de Otávio não estar presente, pois o mesmo poderia não gostar de ver a gente começar a comer sem ele estar presente. Eu não liguei muito para isso porque o mundo não pode girar em torno de uma pessoa.
Assim que começamos a nossa refeição, Otávio entrou na cozinha. Entrou sem fazer barulho, desencostou a cadeira da mesa e sentou-se, começou a servir-se, tudo isso ele fazia em silêncio, não falava nada. Felipe e eu olhávamos para cada movimento que ele fazia, observávamos atentamente tudo: cada gesto, cada movimento, cada olhar, enfim, tudo!
    • Então, Felipe, o que você faz na sua cidade? Perguntou Otávio.
    • Eh... eu trabalho em uma gráfica. Aqueles desenhos que você vê em cartazes, desenhos e até mesmo em revistas, sou eu quem faço. Não todos, é claro. Respondeu Felipe.
    • Hum, interessante. E, você tem namorada e filhos? Perguntou novamente Otávio.
    • Não, não tenho. Sou livre pra curtir minha vida! Talvez um dia eu me case e tenha filhos, mas por enquanto, não quero nada sério com ninguém.
    • Está bem... Disse Otávio.
Após fazer essas duas perguntas, ele voltou ao seu almoço e não falou mais nada, nem com Felipe, nem comigo. Eu olhava para ambos e o aspecto deles era indiferente. Decidi começar um novo diálogo para ver se eles se entrosavam, mas, por mais que eu perguntasse e depois fizesse referência de um para o outro, eles estavam bastante econômicos em suas palavras.
Eu fiquei sem graça, não dava para ficar fazendo o papel do palhaço, tentando distrair ambos sem êxito algum! “Está bem, se vocês não querem falar, então eu também vou me calar”. Otávio e Felipe param com o garfo ainda chegando às suas bocas e me olharam sem reação, segundos depois voltaram para suas realidades.

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