domingo, 26 de fevereiro de 2012

Tomando Decisões na Vida II

Hoje - 24/02 - eu decidi que contaria para o meu amigo que sou gay, sabia que não seria fácil, mas como a gente tinha marcado de sair no sábado e eu já tinha tomado minha decisão com relação à igreja, achei por bem contar logo a ele e não ficar protelando por mais tempo esse assunto.
Eu pretendia conversar com ele ou quando a gente estivesse voltado da faculdade, ou quando a gente chegasse  em casa. Mas quando estava com ele indo para o ponto de ônibus, ele me lembrou que eu tinha dito que ia contar para ele na quarta-feira, então eu disse "como a gente chegou da praia cansado e ainda fomos para a igreja, não quis falar sobre isso. Mas hoje eu te conto, quando a gente pegar o Barra 1".
Como o ônibus para a Estação Pirajá demorava, eu contei logo a ele que não estava mais participando das atividades da igreja, bem como do corpo de membros e de obreiros. A princípio ele não acreditou, depois estranhou, e depois acreditou meio sem querer, só a partir daí ele pôde perceber o quanto era sério o que eu queria contar para ele; sério o suficiente para eu ter deixado tudo da igreja "de lado".
A ida até a estação foi tranquila, mas quando o tal Barra 1 chegou, aí não teve jeito: eu tinha que contar! Fiquei morrendo de medo de contar para ele, porque eu pensava em qual seria sua reação, o que ele pensaria de mim e a nossa amizade que poderia ser perdida de vez, pois ele sempre foi muito preconceituoso e nunca o vi falando algo possívito sobre os gays. Eu sentei no lado da janela do ônibus e ele ao meu lado... ficou calado, só esperando eu começar a falar.
Perguntei então a ele para ver se ele tinha alguma noção do que era, e o mesmo disse que tinha pensado que eu tinha feito sexo com alguma menina, mas que em sua mente havia passado uma série de coisas. Eu queria arranjar um meio sem ter que dizer "sou gay", porque eu não ia cosneguir falar; por várias vezes, eu abri minha boca pra falar, mas não conseguia, comecei a sentir dor de barriga, minhas mãos já estavam suando. Nossa, como isso estava difícil viu!
Ele comentou "acho que até pra falar com o pastor você foi mais rápido", eu concordei com ele e expliquei que era diferente, que com ele eu não conseguia fazer asssim. Como sabia que não conseguiria falar, pensei em um exemplo que pudesse dar e ele sacar na hora; fiquei pensando em várias coisas, palavras, pessoas, até que me veio a mente um ex participante do BBB Jean Willys. Aí eu disse pra ele "vou te dar um exemplo e nesse exemplo você vai logo saber. Você lembra de Jean Willys? Então, é isso!" Ele disse "sim, o que é que tem ele". Quando eu insisti, ele se tocou e ficou calado, aí eu comecei a falar sobre tudo, a descoberta, o desejo e que isso tinha sido o real motivo pelo qual eu aceitei o término do meu namoro e tinha preferido sair das atividades da igreja antes que fosse tarde demais.
Ele ficou sem chão, eu quase choro mas me contive. Ele perguntou desde quando, se eu já tinha tido algum relacionamento com alguém antes ou recentemente; respondi às suas perguntas, por mais duras que eram, contei a ele a verdade e disse que tive esse medo porque não queria perder a sua amizade. Ele ficou grato por eu ter dito a ele e me disse - o que me deixou mais confortável - "nossa amizade não vai mudar em nada". Não sei, mas acho que ele ficou decepcionado, ele nunca esperaria ter um amigo gay, e mesmo tendo dito que não mudaria comigo, creio que com o tempo ele vai começar a fazer certos comentários.
Mas eu agora estou um pouco mais confortável, ele sabe e não preciso fingir pra ele ser o que não sou, agora ele sabe que o amigo dele é gay, mas que, como o respeita, também quer ser respeitado, que nossa amizade já passou por tantas coisas e não é por isso que vai morrer. Eu deixei bem claro que a partir daquele momento eu queria viver a minha vida, e deixar se for de Deus mudar, ele vai mudar. Essas coisas não são simples de administrar, essa "nova vida" não é tão simples assim, pois ainda há a família, essa será com certeza a pior parte, o pior e mais difícil momento de todos.
Estou me sentindo como um boneco de video game que que passa por vários obstáculos ou níveis para chegar ao objetivo do jogo. Cada nível tem sido mais difícil que o outro mas creio que vou vencê-los, um a um vou conquistar... tenho que dizer a minha mãe porque quando chegar um dia em que eu tiver que sair ou dormir fora, ou ir a um evento gay, eu não quero ter que inventar mentiras, nossa vida já é tão cheia de problemas e ainda viver sob mentira é dose!

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