segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

CAPÍTULO IX - PARTE VI


Tio Pedro e Otávio saíram para o campo trabalhar, ainda era cedo, quase sete horas, e estariam de volta ao meio dia. Deixei Ana e tia Glória na cozinha fazendo o de sempre – arrumando – e fui para o quarto de Otávio ficar na internet por alguns instantes... não tinha muita coisa para ver, apenas os recados de e-mail e mensagens de amigos nas redes sociais. Como não queria ver mais nada, desliguei o PC e saí, fui no quintal e na frente da casa.
Do quintal, conseguia ver ao longe meu primo e meu tio trabalhando no curral. Cheguei perto da cerca e os observei por alguns minutos, eles me viram e acenaram pra mim, eu retribuí o aceno.
    • Querem que traga algo para beberem? Perguntei.
    • Traz água pra gente – respondeu tio Pedro.
Fui à cozinha e levei água para eles como queriam. Abri a porteira e fui até o curral, estavam terminando de limpá-lo, servi água a Otávio, que já estava sedento ainda nas primeiras horas do dia e depois dei a tio Pedro. Enquanto eu enchia o copo dele devagar fingindo que estava com medo de derramar água, olhei para ele que não tirava os olhos do copo... depois de cheio, ele tomou apenas um copo, ao me devolver, olhou para mim como quem dizia “eu já saquei a sua” e voltou para o trabalho sem ao menos agradecer.
Esperei ele se distanciar de mim e só então voltei para a casa, coloquei o copo na pia e a garrafa na geladeira, fui no quarto de Otávio pegar meu livro e deitei no meu sofá preferido para ler. Desta vez consegui ler bastante, nem percebi quando Ana estava na sala limpando até o momento em que ela tapou meus olhos.
    • Estava tão entretido na leitura que nem percebi sua presença, Ana.
    • Eu vi... “tava” parecendo um zumbi, só movia os olhos... mas volte a ler, vou te deixar em paz.
    • Você não incomoda...
Ana voltou para seus afazeres e eu continuei lendo, ela é uma boa moça, meus tios têm sorte de tê-la aqui, ela é bonita, gentil, simples, não a vejo reclamando de nada. Sei lá, acho que é o modo que ela encontrou para superar a perda dos pais: a gratidão.
Aquela quinta-feira demorou de passar, já estava habituado com a casa, com as pessoas e com o ambiente, toda hora olhava no relógio para ver se já estava na hora do almoço, queria que meu primo chegasse logo para me fazer companhia, quando você está sozinho a hora demora mais de passar, tudo fica sem graça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este espaço é seu, portanto, comente à vontade...

Powered By Blogger