CAPÍTULO X - PARTE IV

Enquanto eu esperava os homens da casa chegarem para o almoço, eu fui ler meu livro, fiquei na cadeira lendo, depois fui para a mesa... depois sentei no chão em um canto do quarto... depois deitei na cama... mas não larguei o meu livro. Passei a manhã toda lendo, depois dei um tempo e fiquei no computador de Otávio, Ana veio limpar o quarto cantarolando como ela gosta e acabamos conversando enquanto ela estava no quarto.

A conversa até que nem demorou muito porque a Otávio nem é de bagunçar muito o quarto. Ana falou sobre seus desejos, que ela pensa em conhecer a capital, fazer um curso superior e ser uma doutora ganhando muito dinheiro – sonho típico dessas meninas que não tiveram muita oportunidade na vida – e fazer outras coisas que sempre teve vontade, me disse também que quer casar com um homem bom e honesto. Apreciei muito seus planos de vida, e contei a ela sobre os meus – a maior parte já realizado – que não são muitos, me contento com o que tenho.

Quando Ana estava quase terminando a limpeza, tio Pedro e Otávio chegaram. Eu não quis descer, estava morrendo de vergonha dele, então, fiquei no quarto até o almoço estar completamente servido. Otávio entrou para pegar uma roupa e tomar banho, Ana agilizou a arrumação para poder ajudar tia Glória no almoço e eu continuei na cama.

Meu primo saiu do banheiro, entrou no quarto e sentou na cadeira me olhando ler.

• O que foi, Otávio? Perguntei meio assustado.
• Nada, primo, só “tô” olhando você ler. Se minha mãe me visse lendo, acho que ela saltaria de tanta alegria. Não sei como você consegue primo ficar lendo tanto, sua vista não cansa, não?
• Claro que cansa, Otávio, mas eu nem estou lendo aqui como costumo ler quando estou em casa, quando você cria prazer em fazer aquilo, fica muito mais fácil.
• Pois é, mas eu não criei esse prazer...
• Meninos, o almoço está na mesa... venham logo! Gritou tia Glória da ponta da escada.