CAPÍTULO X - PARTE VIII

Depois que liguei para Felipe, tio Pedro chegou na porta do quarto para me chamar para irmos para o campo, eu olhei para ele totalmente sem graça, ele estava parado na porta do quarto, me olhando e falava comigo numa boa, mas eu tinha vergonha de falar com ele.

• E aí, vamos? Já está na hora de irmos senão vamos nos atrasar.
• Estou indo, tio, só vim trocar minha roupa e já desço.
• Vamos esperar você lá fora.

Ele saiu e eu fiquei no quarto, olhando para a porta, agora sem ele, mas era como se ainda estivesse lá, parado, me olhando. De súbito, peguei minha roupa, fechei a porta e me troquei, coloquei sobre a mochila a roupa que estava usando e desci, dei um beijo no rosto de minha tia, me despedi de Ana e fui encontrar Otávio e tio Pedro do lado de fora.

Eles estavam na cerca me esperando, ao me verem começaram a caminhar para a roça, fui seguindo logo atrás até alcançá-los. Caminhamos por entre os matos baixos, tio Pedro e Otávio falavam sobre as plantações e os produtos para exterminar com as pragas, Otávio, claro, não estava interessado em falar sobre isso, então foi mudando logo de assunto me colocando na conversa:

• Então, primo, você falou com o tal do Rafael?
• Falei sim, Otávio, ele vem amanhã, ainda não me confirmou a hora, mas vai me ligar quando for sair de lá para eu dizer a ele como chegar.
• Então ele vem mesmo? Perguntou Otávio mais uma vez.
• Parece que você tem algum problema com o moço, filho. Falou tio Pedro.
• Não é isso não pai, mas eu não fui com a cara dele não. Você e a minha mãe vão ver amanhã quando ele vier.
• Que nada, tio – disse – vocês vão gostar de Felipe, ele é super gente boa.