CONTROVÉRSIAS:
Apoio
Alguns
especialistas afirmam que uma legislação específica para a
criminalização da homofobia
se
faz "urgentemente" necessária no Brasil
diante
da inexistência de leis que tratem da discriminação por orientação
sexual e
dos picos de violência. Na mesma perspectiva, em novembro de 2010,
entidades LGBT e deputados promoveram um ato
na
Avenida
Paulista,
em São
Paulo,
pela aprovação do PL 122/06, após episódios emblemáticos de
agressões
a homossexuais naquela mesma avenida
e
no Rio
de Janeiro.Segundo
eles, o PLC 122 não acrescenta direitos, visto que a Constituição
Federal já
prevê (art. 3º, inc. IV; art. 5º inc. XLI) a proibição de todas
as formas de discriminação. Alegam também que o PLC 122 visa
apenas alterar legislação já existente, principalmente a Lei
nº 7.716/89,
que dispõe sobre os crimes resultantes de racismo
e
outras discriminações, acrescentando a proteção dos atributos
gênero,
sexo, orientação sexual e identidade
de gênero.
Desse modo, a discriminação por orientação sexual ou identidade
de gênero receberia o mesmo tratamento que a discriminação por
raça, procedência nacional ou religião.
Especialistas
entrevistados pelo jornal Folha
de São Paulo,
entre eles personalidades notáveis como o ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF),
Marco
Aurélio Mello,
foram unânimes ao afirmar que o projeto de lei não ameaça o
princípio de liberdade de expressão, não cria um crime novo e é
constitucional.
Recentemente,
o ministro Ayres
Britto do
STF, também em entrevista à Folha,
afirmou que é favorável a algum projeto de lei que criminalize a
homofobia,
como
já ocorre com outros discursos de ódio.
"O
homofóbico exacerba tanto o seu preconceito que o faz chafurdar no
lamaçal do ódio. E o fato é que os crimes de ódio estão a meio
palmo dos crimes de sangue", afirmou Britto.
Para
o senador Eduardo
Suplicy (PT-SP)
o projeto é "um dos mais revolucionários desta Casa (Senado),
porque ele nos dá muito claramente a noção do respeito que temos
que ter por qualquer ser humano, seja ele quem for."O deputado
Jean
Wyllys também
declarou seu apoio ao projeto de lei. "O que a gente precisa é
de uma lei que equipare a homofobia ao racismo e ao anti-semitismo e
é isso que o projeto original faz".
O
desembargador do Tribunal
de Justiça de São Paulo,
Walter Maierovitch, é contrário à criminalização da homofobia
por
avaliar que isso não reduziria a violência, como aconteceu quando
os países proibiram o uso de entorpecentes, por exemplo. No entanto,
Maierovitch fez uma ressalva: "Ainda que eu não acredite que
criminalizando se vá reduzir o número de casos, estamos em um
estágio perigoso que legitima, sim, a criminalização. É pela
educação e por mudanças culturais que isso se resolve, mas esses
bandos têm saído impunes e não dá para a sociedade ficar sem uma
resposta." A advogada Adriana Galvão, presidente da comissão
de Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB)
de São Paulo, também apoia o projeto, justamente pela falta de leis
específicas que criminalizem crimes homofóbicos. "Não há o
Estatuto do Idoso, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), a
Lei Maria da Penha? Precisamos sim de uma lei que proteja o
homossexual, pois está em grupo que é vitimizado –inúmeras
vezes, verbalmente, mas é disso que deriva uma agressão física",
afirmou Galvão.
Críticas
Alguns
grupos cristãos (católicos e protestantes) se opõem ao texto do
PLC-122 alegando que este fere o princípio de liberdade
de expressão.
Tais grupos afirmam que, da forma como o projeto era redigido,
qualquer manifestação criticando a conduta dos homossexuais poderia
ser caracterizada como discriminação
ou
preconceito.
Cristãos
afirmam que o projeto fere a liberdade religiosa e cria uma casta
privilegiada.
Um
abaixo-assinado com mais de 1 milhão de assinaturas contra o PLC-122
foi entregue ao presidente do Senado.
Em
1 de junho de 2011, 25 mil protestantes
e
católicos
protestaram
em frente ao Congresso
Nacional do Brasil contra
o PLC-122.
No
mesmo dia, no programa Manhã
no Parlamento da
Rádio
Câmara,
o pastor Silas
Malafaia,
da Assembleia
de Deus,
acusou o PL 122 de criar privilégios para os homossexuais de forma
inconstitucional, dizendo "Existe uma diferença gritante entre
criticar uma determinada conduta e discriminar pessoas" e ainda
"O que eles não suportam é a crítica".
Na
Marcha
para Jesus de
2011, Silas
Malafaia criticou
a aprovação da união
estável entre pessoas de mesmo sexo,
orientando seus fiéis a não votarem em parlamentares defensores do
PL 122. "Ninguém aqui vai pagar de otário, de crente, não. Se
for contra a família não vai ter o nosso voto", afirmou
Malafia, usando vocabulário que foi considerado "vulgar"
pelo Portal iG,
por conter termos como "otário" e "lixo moral".
Segundo
Malafaia, este dispositivo (o PL 122) abre um precedente que
criminaliza a conduta de um pastor que, por questão de princípios,
impedisse a ocorrência ou o prosseguimento manifestações
homoafetivas no interior de seu estabelecimento religioso.
Existem
informações de que o Exército
Brasileiro também
manifestou preocupação com a eventual aprovação do projeto. Os
comandantes que procuraram o senador Marcelo
Crivella temem
que a lei os obrigue a mudar a atual postura da instituição, o que
passaria a ser considerado um crime de discriminação com a
aprovação da legislação.
Apesar
de não ver qualquer inconstitucionalidade no projeto de lei, o
advogado Ives Gandra da Silva Martins, especialista em direito
constitucional, tem "receios quanto aos efeitos do projeto",
dizendo que 'explicitar demais' o problema pode levar à
"discriminação às avessas", como, por exemplo, uma
possível proibição de leituras de "textos sagrados" que
criticam a prática homossexual.
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